Dica de leitura da semana

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    Dica de leitura da semana

    Título: Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória

    Autor: Daniel Munduruku | Ilustrador: Rogério Borges | Editora: Studio Nobel

     

    Recorrendo a uma linguagem marcada pela sonoridade da fala, Daniel Munduruku mostra que a partir da saudade é possível abordar temas importantes como a construção da identidade, a busca da autoestima, o conflito entre deferentes culturas, a diversidade dos pontos de vista sobre a vida e do mundo e a relação entre homem e natureza.  O livro resgata parte da vida do autor e do seu relacionamento com o vô Apolinário, um velho índio, da tribo Munduruku, que contava histórias dos espíritos ancestrais, a quem chamava carinhosamente de “avós e guardiões”.

     

    Na verdade, não sei muita coisa sobre meu avô porque o via muito pouco. No entanto, esse pouco de convivência marcou profundamente minha vida, formou minha memória, meu coração e meu corpo de índio. Acho até que falar dele me faz resgatar a história de meu povo e me dá mais entusiasmo e aceitação da condição que não pedi a Deus, mas que recebi Dele por algum motivo.

    Daniel (autor do livro)

     

    As histórias do livro descrevem a própria trajetória do autor e a descoberta de suas raízes indígenas através dos ensinamentos de seu avô. As ilustrações de Rogério Borges fazem com que o leitor participe desta viagem no tempo, e descubra um pouco mais sobre as raízes indígenas brasileiras.

     

    Este livro recebeu a menção honrosa do prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância, na categoria de livros para crianças de até 12 anos, concedida pela UNESCO

     

    Apreciação: Podemos dizer que Meu vô Apolinário é um livro de memórias, pois nele são impressas as lembranças ou as experiências da infância e da pré-adolescência do jovem Munduruku que estão ligadas aos poucos anos que ele passou na presença de seu avô na aldeia, além de suas experiências em contexto urbano, como por exemplo, no quintal de sua casa com as brincadeiras e na escola, no relacionamento com os colegas. Daniel busca neste livro compartilhar um pouco da sua história e a de seu povo por meio de suas lembranças. A narrativa é composta por sete partes: A raiva de ser índio; Maracanã; Crise na cidade; O vô Apolinário; A sabedoria do rio; O voo dos pássaros; Apolinário se une ao grande rio.

    A narrativa autobiográfica é tecida pelas teias das memórias: individuais do pequeno Munduruku e das coletivas ou ancestrais de seu povo. Vemos que há o deslocamento, o trânsito entre os pólos culturais, entre os territórios determinados como o dos indígenas e o dos brancos ou brasileiros (a aldeia Munduruku e a cidade de Belém).

    Leandro Faustino Polastrini ( Mestre em Estudos de Linguagem na área de concentração Estudos Literários)

    Você, também, pode assistir parte da apresentação da peça “Meu Vo(o) Apolinário” no teatro da Teresa D´Ávila, para o público do ECOHVALE 2015, em Lorena no seguinte vídeo.

     

     

    O ESPETÁCULO 

     

    Com texto original do escritor Daniel Munduruku (Menção Honrosa Pela Não-Violência e Tolerância – outorgado pela UNESCO) e direção de José Sebastião Maria de Souza, “Meu Vo(o) Apolinário” é acima de tudo uma história de sabedoria, ensinamento e auto-conhecimento. Estrelado por Wesley Leal e J. Lopes Índio, o enredo é universal e para todas as idades. Ultrapassa barreiras como as aves.

     

    No palco, Leal representa o índio-narrador da história – primeiro filho do de uma grande família Munduruku que nasce na cidade (Belém do Pará). Ele apresenta ao espectador sua vida na escola – onde sofre com as piadas em relação à sua origem indígena – e na aldeia Munduruku – refúgio das férias escolares.

     

    Após sofrer uma “desilusão amorosa”, ao ser rejeitado por uma menina do colégio, o garoto vai para a aldeia triste com o acontecimento, exacerbando sua baixa auto-estima por ter que lidar diariamente com as provocações de seus colegas.

     

    Eis que surge na trama o vô Apolinário (J. Lopes Índio), que traz para ele o saber de um ancião respeitado por todos à sua volta. Apolinário ensina o garoto a ter orgulho de suas raízes, de sua ancestralidade e a respeitar a natureza.

     

    Meu Voo Apolinário” é uma viagem iniciativa que o índio-menino realiza na busca de uma identidade desencontrada no mundo urbano que dissolve agressivamente formas de pertencimento e de felicidade ligadas a uma `filiação´, à ancestralidade. Origem em sentido próprio, ela contém todas as idades das personagens que, em uma consanguinidade espiritual com o cosmos, se confundem em laços da natureza que resiste ao poder destruidor do tempo.

    Olgária Matos

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