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- 18 abr
Conheça Fernando Damásio, ex-aluno do CSA que faz carreira no exterior com carros autônomos
Em nosso bate-papo, Fernando conta sobre sua trajetória profissional e o mercado de carros autônomos, discorre sobre as polêmicas envolvendo o Facebook e deixa dicas aos alunos do Colégio Santo Antônio
Imagine entrar em um carro sem motorista. Basta apertar um botão e, assim, você pode ler, assistir a vídeos, ou até dormir, tendo em mente que você chegará ao seu destino final sem se preocupar. Os carros autônomos já estão promovendo essa realidade, cada vez mais próxima de se tornar algo comum.
“Em um futuro não muito distante, os robôs vão substituir os humanos em tarefas repetitivas. Não só no transporte, mas em todas as atividades do dia-a-dia. O trabalhador do futuro não mais irá exercer estas atividades, mas apenas atividades de criação e monitoramento de máquinas.”, explica Fernando Damásio, ex-aluno do Colégio Santo Antônio que hoje faz carreira com carros autônomos.
F
ernando é formado em Engenharia de Controle e Automação e possui várias especializações. Em sua trajetória, fez um curso de engenharia de carros autônomos. A partir daí, foi convidado a ser mentor deste mesmo curso para ensinar as matérias para outros alunos. Fundou uma startup ligada a carros autônomos, a Data Riders e hoje está na Índia ministrando aulas sobre Robótica e Inteligência Artificial.Confira a entrevista:
Como o Colégio Santo Antônio contribuiu para que você chegasse aonde chegou?
FD: Aprender a base das ciências é muito importante. O Colégio nos proporciona saber os fundamentos para que possamos aprender assuntos mais complexos em diferentes ciências. Também, a rede de amigos e colegas que temos é de altíssima qualidade: networking é muito importante no mundo profissional.
Como surgiu o desejo de trabalhar com carros autônomos?
FD: Sempre gostei de trabalhar com inovação e tecnologia. Comecei estudando Machine Learning por gosto e apareceu a oportunidade de fazer um curso de engenharia de carros autônomos. Como é um mercado que está crescendo, com grandes possibilidades e oportunidades, fiz o curso e gostei muito! Fui convidado para ser mentor deste mesmo curso e ensinar as matérias para outros alunos. Como gosto de empreender, fundei uma startup ligada a carros autônomos.
Carros autônomos já rodaram mais de 8 milhões de km pelo mundo
Como você enxerga o mercado de carros autônomos hoje em dia?
FD: Transporte é um imenso mercado no mundo todo, tem muito dinheiro envolvido. O mercado de veículos autônomos está em fase de desenvolvimento, não só da tecnologia, mas também o posicionamento das empresas frente às oportunidades que irão surgir. Quem chega primeiro, bebe água fresca!
É possível fazer essa tecnologia chegar ao Brasil?
FD: Acredito que as grandes montadoras irão trazer a tecnologia par ao país. Não temos incentivo para desenvolver a tecnologia no país, infelizmente. Porém, existem diversas oportunidades na prestação de serviços (como logística, transporte urbano, transporte de carga, manutenção), produtos financeiros (financiamento) e seguros.
Como você vê o futuro da autonomia tanto para veículos quanto para outras coisas no mundo?
FD: Os robôs vão substituir os humanos em tarefas repetitivas. Não só no transporte, mas em todas as atividades do dia-a-dia. O trabalhador do futuro não mais irá exercer estas atividades, mas apenas atividades de criação e monitoramento de máquinas. A gestão da rotina será substituída pela gestão de projetos. Haverá uma disruptiva das relações de trabalho e os profissionais devem estar preparados para se adaptar rapidamente, ou ficarão às margens da transformação digital.
Hoje você é CEO de uma startup (Data Riders) que pretende pagar voluntários para gravar seus dados na direção. Como isso funciona? Qual o objetivo da empresa?
FD: O objetivo da empresa é mapear cidades de diferentes países através da gravação de dados utilizando sensores acoplados aos carros de parceiros. Estes dados serão utilizados para treinar os carros autônomos a dirigir com diferentes comportamentos em diferentes culturas. Dirigir um carro na Índia é bem diferente de dirigir na Alemanha, e os carros autônomos devem se adaptar a isso, pois hoje, a maior causa de acidentes dos carros autônomos em testes são pessoas batendo nesses carros, e não o contrário. Isto se dá pelo comportamento “politicamente correto” que os carros possuem.
Fernando, canto inferior direito, e sua turma de engenheiros da Índia
Atualmente o Facebook está passando por um momento difícil pois vazou dados de milhares de usuários. Até que ponto, na sua opinião, as pesquisas que coletam dados interferem na privacidade das pessoas? Quais seriam os limites?
FD: O Facebook vende Ads, e para isso precisa mirar os consumidores com informação segmentada. Acredito que as pessoas que não queiram que seus dados sejam utilizados por empresas terceiras devam procurar serviços que não compartilhem os dados com terceiros (simples assim). Normalmente, serviços gratuitos utilizam seus dados para venda de serviços e produtos, e outros sistemas que não utilizam são pagos pois precisam sobreviver. Existem startups desenvolvendo redes sociais baseadas na tecnologia blockchain que garante o pagamento ao usuário sempre que sua informação for compartilhada com terceiros. Esta seria uma possibilidade interessante em que você só compartilha a informação quando quer, para quem quer e pelo preço que quiser.
As pessoas precisam se preocupar em guardar as informações pessoais ou se nesse mundo globalizado as informações não são mais motivo de preocupação?
FD: Com certeza! Devemos nos proteger pois existem dados pessoais que podem ser utilizados para atividades criminosas, como roubo de dinheiro, sequestro e roubo de informação.
Hoje você está na Índia dando aulas. Conte sobre essa experiência.
FD: As aulas são de Robótica e Inteligência Artificial, focada na aplicação à carros autônomos. Ensinamos Machine Learning (redes neurais, CNN), processamento de imagens, Deep Learning (Semantic Segmentation), Algoritmos de localização (Kalman Filters, Particle Filters), controle dos atuadores (PID e MPC) e planejamento de caminho (path planning). Ao final do curso, os alunos devem desenvolver o código que será transferido e testado no carro real que temos no Vale do Silício.
Qual a mensagem que você deixa aos atuais alunos do Colégio?
FD: Algumas vezes acreditamos que uma parte das matérias que estudamos no colégio nunca será utilizada na nossa vida profissional ou mesmo pessoal. Isto não é verdade! A diferença entre um bom profissional e um excelente profissional está nos detalhes. Portanto, ter um conhecimento generalista de todas as ciências é fundamental. Os alunos do Colégio Santo Antônio estão na melhor instituição para direciona-los neste sentido.
Parabéns, Fernando! Muito sucesso em seus próximos passos. Paz e Bem!
