Depoimento de uma ex-aluna: ‘Sou Santo Antônio’

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    Depoimento de uma ex-aluna: ‘Sou Santo Antônio’

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    Júlia (uniforme verde) e seus colegas na época de CSA

    Há algumas semanas nos deparamos com um depoimento emocionante de uma ex-aluna. Um texto tão carinhoso que não poderíamos deixar passar. Entramos em contato com a autora, pedimos sua autorização e aqui o dividimos com vocês. 

     

    Júlia Sette é jornalista pela UFRJ e passou 12 anos de sua vida estudando conosco. Ela descobriu por aqui sua paixão pelo esporte, pelo jornalismo e pelas palavras. Vez ou outra, junta estas últimas para falar sobre a vida. E como falar de sua vida sem citar o Santo Antônio?

     

    Confira aqui o depoimento que ganhou a internet na íntegra:

     

     

    “Não sei se posso chamar de inspiração, de acaso, de providência ou de Deus, mas a verdade é que sempre me deparo com os motivos perfeitos para procurar páginas em branco para escrever sobre a vida. Vida que aproxima, cria laços, manifesta afetos e vida que deslaça, se afasta.

     

    Hoje, numa dessas, me deparei com o vídeo de conclusão do terceiro ano de alguém que conheci ainda antes da entrada no Ensino Médio. Alguém que escutei, acolhi e compartilhei o sonho do vestibular, da faculdade e do exercício da profissão. Alguém que já não mais faz parte diretamente da minha vida, e que, também nesse fato, me ajudou, em tom de nostalgia, a pensar: meu Deus, como o tempo passa rápido.

     

    Por aqueles poucos minutos, me deixei voltar ao meu terceiro ano. Ao meu Ensino Médio. À minha formatura e aos sentimentos criados de alegria, orgulho, alívio, medo, curiosidade, ousadia e saudade. Meu Deus, como o tempo passa rápido. As lembranças são tão vívidas, tão claras e a felicidade tão palpável que seria muito simplista imputar todo esse realismo à minha memória – é verdade, nunca falha.

     

    Hoje, sou jornalista formada. Moro sozinha há cinco anos e conquistei no Rio uma nova casa. Alcancei vôos profissionais tão altos que nem minha imaginação – tão fértil – teria sido capaz de projetar. Garimpei rochas pessoais tão rígidas que nem toda força que sempre me disseram que eu tinha foi capaz de aguentar. Caí, cresci. Mudei de caminho, descobri e redescobri minha fé, deixei o mar levar algumas convicções e outras vi o mundo árido dos adultos reafirmar. Meu Deus, como o tempo passa rápido.

     

    Passa, corre, transforma… tempo e tempo que leva embora. Mas vendo o tal vídeo de conclusão do Ensino Médio, entendo: o tempo pode passar e passar. Correr, mudar, me ver gigante ou me enterrar, mas terá sido sempre ele, o tempo, o responsável por me fazer perceber que meu tempo no Colégio Santo Antônio nunca vai passar.

     

    julia-sette-hoje-emdiaCinco anos atrás, escolhi sair de BH. Por um lado, menina-palavra que sou, o Rio representava um mundo de folhas brancas a rabiscar. Por outro, a distância de minhas referências representava um mundo de possibilidades: de me frustrar, de me reinventar, de reafirmar. E quanto mais o tempo passa, quanto mais distantes de minhas origens meus novos afetos ficam, mais para eles preciso reafirmar: sou Colégio Santo Antônio, só para abreviar.

     

    Abreviar porém, como é de se perceber, não é do meu feitio. Então, acheguem-se. A quem não conhece: prazer, pode se apaixonar. Aos que viveram: senta aí, hora de relembrar.

     

    Sou Santo Antônio. Sou Santo Antônio porque cinco anos depois de me formar ainda posso resolver problemas de análise combinatória – como vi sarcasticamente Marcão ensinar; explicar tim tim por tim tim sobre a Ditadura Militar – como apaixonadamente escutei a Carla relembrar e com palavras de novo lutar; debater as condições originárias da clonagem molecular – como com muita curiosidade aprendi nas primeiras aulas de biologia com a Ana Carolina; relembrar a independência de Kosovo – como entre broncas e pedidos de cala a boca vi a Mariana explicar; discutir imperialismo, neonazismo e absolutismo – como repetidamente me encantei pela história e pela História que vi Wandinha contar e Rosana gritar.

     

    Cinco anos depois, ainda me lembro perfeitamente da classe quase que latim do Sinéder ao tornar minimamente palpável o uso de uma mesóclise; da contradição entre a pouca altura e o coração geometricamente gigante do Guimarães; do sábio simbolismo que era a vida representada pelo cubo montado e desmontado na aula da Norma; da ansiedade construída dia após dia pelo “demonstration” artisticamente performado pelo Júlio; do entusiasmo quase futebolístico do Geraldo que não nos permitia ser só alunos, mas torcedores apaixonados pela vida e pela história; da naturalidade com que Eustáquio e Rodrigo viraram amigos – quer problema de plano cartesiano mais simples do que esse, sem qualquer distância entre os pontos? E será que alguém se esquece de como Rafael nos ensinou a pensar, filosofar e olhar para o todo para no mundo lá fora, Na Natureza Selvagem, perceber de verdade que a felicidade só seria verdadeira se compartilhada? Ou de como éramos aluninhos fofinhos, bonitinhos e engraçadinhos, num diminutivo constante da Márcia Cozy que é, ela própria, o superlativo da entrega? Ou ainda da seriedade fingida do Janot que sustentava todos os reinos – monera, protista, funghi, plantae e animale – mas se desmanchava logo ao nosso menor sinal de afeto? Sinto que muitos anos se passarão e muitas gerações se formarão antes que esqueçamos de certos mestres e certos dons. Rogério, na obrigação de colorirmos infinitos mapas, nos ensinava a dar cores para a rotina e para a vida – muitas vezes tão pesada. Robson, sisudo, sério e sucinto, quase nos fazia acreditar que SABEDORIA se escreve com N, O e CH e mostrava que química não é só ciência – é coisa orgânica e de alma. Mad, a nova geração, fazia jus à sua área: fomos educados, ouvidos e ensinados em um traço físico: Marcelo só fala através do sorriso.

     

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    Júlia na época de Coleginho

     

    Brincadeiras e nostalgias à parte, sou Santo Antônio, na vertente ensino, porque não se trata do simples conteúdo ou de decorar – apesar de, até hoje, poder falar, sob as dúvidas dos meus colegas, que nem mesmo os ensinamentos do 1º slide da página 19 do powerpoint de União Soviética foram parar “nos vales inóspitos da Sibéria”. Sou Santo Antônio porquê de algumas salas de aula vi, vivi e conheci o mundo. Matematicamente, biologicamente, quimicamente, historicamente, geograficamente. Sou Santo Antônio porque foi lá que me ensinaram sobre o passado para problematizar o presente e só então construir um futuro diferente. Sou Santo Antônio porque, enquanto aluna, verdadeiramente aprendi. E enquanto aprendiz, fui ensinada por verdadeiros mestres.

     

     

    Sou Santo Antônio porque sou São Francisco. E sendo São Francisco, de dentro para fora do colégio, conheci e me comprometi com Deus que me faria instrumento de sua paz. Que levaria amor, perdão, união, luz e fé onde houvesse ódio, ofensa, discórdia, trevas e dúvida. Lá entendi, primeiro num ambiente de acolhimento e amor, que queria e seria verdadeiramente humana no mundo de fora. Que procuraria mais amar que ser amada, compreender que ser compreendida, consolar que ser consolada. E vendo tantas conquistas na minha vida presente, vendo que já subi tantos mais degraus do que sequer sonhei quando ainda usava aquele uniforme azul e branco, digo: sou Santo Antônio e ao colégio muito devo, porque foi com pessoas como o Juraci, o Vicente, a Pêdra e muitos muitos outros, que aprendi que é dando que se recebe. E se recebe em dobro.

     

    Sou Santo Antônio porque mesmo cinco anos depois de não mais o ser, ainda o sou, principalmente nas minhas conexões com a maior herança que esse colégio pôde deixar na minha vida: pessoas. Colegas que viraram amigos, amigos que viraram irmãos. Professores que viraram mestres, mestres que viraram referências. Pessoas e afetos que na convivência, nas trocas, nos conflitos, nas salas de aula, nas cabines da biblioteca, na arquibancada do Ginásio, nas aulas de vôlei, de futsal, de judô, de ballet, de dança folclórica, na cantina da Pêdra, no sexto horário, no baralho do Napolitano, no pátio do Tau, na Prefeitura, nas aulas de educação física do Chico, nos festivais de jogos, na viagem para Angra, nos blocos de prova de sexta-feira à noite, nos retornos, nas idas ao pátio, nas aulas microfonadas do Kafunga e em mil outras oportunidades e lugares, nos meus doze anos de Santo Antônio, me fizeram ser mais do que “só” Colégio Santo Antônio. Me fizeram ser quem eu sou. E me arrisco a dizer: o sentimento é geral.

     

    Somos Santo Antônio. E o Santo Antônio é um pouquinho de nós também. Que sorte a nossa.”

     

    Nós estamos curiosos para conhecer um pouco mais das histórias e experiências daqueles que passaram por aqui. Mande você também um relato pelo e-mail comunicacao@csa.g12.br ou pelas nossas redes sociais.

     

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    Comments (18)

      • Júnea
      • 5 de setembro de 2017 at 17:00

      Não fui aluna do Santo Antônio e, mesmo gostando bastante do meu colégio (Loyola) e tendo feito bons amigos lá, não partilhamos essas preciosas memórias. Hoje tenho 3 filhas no CSA, iniciaram no Ensino Fundamental e são “Santo Antônio” desde sempre! Nunca tive aula com nenhum desses professores, mas sempre acabo aprendendo um pouquinho das lições que, através deles, chegam a minha casa. Quisera eu assistir uma aula do Sinéder e vivenciar a paixão e admiração que minhas filhas têm por ele, escutar as narrações históricas do Geraldo, as confusões do Marcão! São tantas histórias que escuto e tanto amor que leio nos olhos das minhas meninas quando falam do CSA… Hoje, ao ler esse emocionante depoimento, descobri que mesmo não tendo uma ex-aluna eu também sou Santo Antônio (e São Francisco, de bônus!)

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      • Renato
      • 5 de setembro de 2017 at 17:04

      Interessante é surpreendente, que texto.nao estudei no famoso CSA, mas me envolvi proficionalmente pois sou professor de matemática e de física e ganhei a vida como tal, como professor particular. Convivi com diversos alunos do CSA e com eles vivi o que o colégio tem, pude perceber a paixão envolvida nesse colégio. Apesar de cobrar, e cobra muito até hoje, os alunos se envolvem tanto com a escola tem uma paixão que é inexplicável. Um colégio que abre as portas para o aluno sair a hora que quiser e ao mesmo tempo tem resultados indiscutíveis. Mesmo não tendo estudado no CSA essa escola me conquistou a ponto de poder dizer que meu pequeno, hoje quase no 6 ano ( saindo do coleginho) já é CSA a 5 anos e vejo que ama a escola. Parabéns aos responsáveis por tamanha façanha! Parabéns Kafunga realmente é uma pessoa incrível. Para ser imitado. Abraço a todos.

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    • Como a Júlia foi feliz no texto que escreveu! Impressionante como o sentimento é o mesmo, mesmo tendo saído a um pouquinho mais de cinco anos, no meu caso 24. Me emocionei também! Abraços a todos!

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    • Parabéns Juju! Você teve ótimos professores e saiu muito melhor que a encomenda! !!

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      • Letícia
      • 5 de setembro de 2017 at 19:16

      Saí do colégio em 1983… e sinto o mesmo que Julia escreveu! Sou Santo Antônio até o fim!

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    • Realmente e incrivel como o sentimento de todos que estudaram la é o mesmo. Santo antonio para sempre no coracao!
      Muito emocionante, parabens!

      “Sou Santo Antônio porque mesmo cinco anos depois de não mais o ser, ainda o sou, principalmente nas minhas conexões com a maior herança que esse colégio pôde deixar na minha vida: pessoas”

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    • Santo Antônio sempre foi meu lar , minha história!! Lá cresci ,namorei casei!!! Histórias e amizades infinitas!! Minhas filhas também estudaram lá e agora se Deus quiser meus netos também!! Sou Santo Antônio e ponto final!!!!❤️❤️❤️❤️❤️#sousantoantonio

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    • Muito feliz com a lembrança da JULIA ❣YES❣My students are forever…LOVELY STUDENTS❣

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    • Impressionante como todos nós ex alunos somos encantados com o mundo em que vivemos no Santo Antônio! Faltou falar do Frei Hilario, mas não deve ter sido da sua época, Júlia! Era uma pessoa fantástica… sou filha de quem estudou no colégio interno do CSA em SJDR, me formei há 14 anos e hoje, quando levo meu sobrinho para aula, continuo recebendo um caloroso abraço do Vicente! Ir até a capela, agora só para agradecer mesmo, não mais como rota alternativa para fugir da aula com amigos… muita saudade! É as festas da família no Parque das Mangabeiras… me emocionava sempre! Assim como minha família… as olimpíadas no CEU, a viagem pra Angra… mais uma vez, obrigada Santo Antônio… #sousantoantonio

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    • Como não emocionar….. agora sou sua fã julia…. como são lindas suas palavras e mais ainda o seu sentimento de gratidão….Parabéns, que através destes 12 anos de Colégio Santo Antonio, todas as portas e porteiras se abram para vc.

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    • “se eu pudesse viver de novo”, queria voltar a estudar no Santo Antônio , da Pernambuco, da Santa Rita Durão, junto com todos meus professores e colegas daquela época( 1968 a 1973); saudades do Mauro”Fichinha”+, do Tacão, do Kafunga, do futsal, do grêmio do colégio, bar do Tatá, e principalmente da educação que “tatuou” em mim caráter e conhecimento…que orgulho tenho disso!!!
      Mauro Vilela – prof.História in memorian // Eustáquio Tacão – prof. Inglês e técnico campeão do futsal // professor Kafunga, até hj graças a Deus, no CSA;
      Agora também eu, do alto dos meus sessenta anos, sou fã da Julia, por dizer de maneira encantadora, todo esse nosso gostoso sentimento que jamais cessa…

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    • Passei 10 anos no Santo Antônio. Formei-me em 1992 e amo o colégio até hoje. Minha filha não poderia ir pra outro colégio… ela também já tem o CSA tatuado no coração.

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    • Também sou Santo Antônio com muito orgulho, gratidão e alegria há 42 anos. Tive e tenho a felicidade de viver os três aspectos dessa experiência (aluna, mãe de alunos e professora), e faço minhas – e de meus filhos também- as lindas palavras da Júlia, aluna querida… Ela expressou com precisão o sentimento de todos nós, e me fez perceber que proporcionar aos meus filhos a oportunidade de serem Santo Antônio foi o melhor presente que eu poderia ter dado a eles. Obrigada. Júlia. Obrigada, Santo Antônio.

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    • Que sensibilidade! Que texto lindo! Infelizmente não estudei no CSA, mas sou Santo Antônio pela experiência positiva que meus irmãos que estudaram aí tiveram ( os “Fracon”que Lurdinha conhece tão bem) e através dos meus filhos que amam e estudam no colégio desde o início. Parabéns!

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    • Obrigado por tudo Santo Antônio! Continue inspirando as pessoas a serem melhores e espalharem PAZ E BEM!

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      • Carolina
      • 5 de fevereiro de 2022 at 10:59

      Robson foi um professor muito, muito, muito marcante na minha vida, por motivos vários.
      se o colégio puder, enviem para mim alguma forma de contato com ele por favor!!!!

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